Rapaz morto ao sair de pijama no PR: saiba o que fez polícia considerar amigo suspeito, antes de outro homem confessar assassinato
06/11/2025
(Foto: Reprodução) Suspeito confessa morte de Danilo Bido e revela outros três assassinatos em Iporã
Antes de um homem de 23 anos ser preso na quarta-feira (5) e confessar que matou Danilo Roger Bido Ferreira, de 32 anos, houve também a prisão temporária de um amigo da vítima. Ele foi considerado suspeito de envolvimento no crime, mas agora será solto, após a polícia não conseguir identificar qualquer tipo de relação dele com o assassinato.
Danilo saiu de casa de pijama na madrugada do dia 31 de agosto, dizendo à mãe que ia buscar um carregador de celular na casa de uma amiga. O corpo dele foi encontrado na manhã do mesmo dia, em uma estrada rural da cidade. De acordo com o laudo da Polícia Científica, Danilo foi assassinado com 18 facadas. Relembre o caso abaixo.
O delegado Luã Mota explicou que as suspeitas com relação ao amigo de Danilo surgiram depois de análises de dados telefônicos, que o apontavam como autor do crime. Outro ponto considerado pela polícia foi o fato de testemunhas revelarem em depoimento que ele e a vitima tiveram "vínculo pessoal anterior".
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O amigo, de 24 anos, foi preso no dia 10 de outubro. No interrogatório, ele optou por ficar em silêncio. Segundo o delegado, "ele não se manifestou, em nenhum momento, sobre suposta inocência ou refutou as provas obtidas pela polícia".
Mota explicou que o celular do jovem foi analisado forma preliminar, e foi possível verificar que todas as conversas do final de semana em que o crime ocorreu, foram apagadas.
Alguns dias após a prisão, o advogado de defesa do suspeito apresentou uma testemunha que afirmou estar com ele no dia e horário do assassinato de Danilo.
"Essa testemunha foi ouvida e declarou que encontrou o investigado por volta das 21h30 do dia anterior aos fatos. Relatou, ainda, que ambos consumiram bebidas alcoólicas e substâncias entorpecentes, inclusive encaminhando um vídeo que mostra o uso dessas substâncias. Segundo seu depoimento, após os efeitos das substâncias, ele dormiu por volta de 00h40 e acordou próximo às 5h da manhã, não estando, portanto, acordado no horário exato em que o crime ocorreu, tendo em vista que o crime ocorreu entre 1h e 1h30 da madrugada", contou o delegado.
Danilo Roger Bido Ferreira, de 32 anos, foi encontrado morto em Iporã.
Redes sociais/Reprodução
Mota explicou que, mesmo com o depoimento da testemunha, não foi possível pedir pela revogação da prisão temporária do amigo de Danilo. Ele considerou que ainda não tinham apresentados elementos que comprovassem a inocência do suspeito e as investigações ainda estavam em andamento.
De acordo com o delegado, embora outro homem tenha sido preso e confessado o crime, ainda será necessário periciar os celulares dos dois suspeitos, para afastar qualquer possibilidade de vínculo entre eles.
Somente após essa etapa, será possível concluir o inquérito policial e encaminhá-lo ao Ministério Público do Paraná, conforme Mota.
O delegado afirmou que o pedido de revogação da prisão temporária do amigo de Danilo foi feito na quarta-feira. Nesta quinta-feira, o advogado dele informou que ele ainda está preso.
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Digitais encontradas no carro de Danilo, confirmaram o envolvimento do segundo suspeito
Devido ao sigilo da investigação, a polícia não explicou como foi possível chegar ao segundo suspeito. Contudo, o delegado afirmou que ao saber que um novo homem poderia estar envolvido no crime, foi pedido o confronto das digitais dele com as digitais encontradas no carro de Danilo. O resultado da análise confirmou que elas eram as mesmas.
Com isso, o homem de 23 anos foi preso na tarde desta quarta-feira (5). Segundo o delegado, o homem confessou o crime, disse ser um serial killer e afirmou ser responsável por outros três assassinatos na cidade.
Em depoimento, ele disse que atraiu Danilo para ter uma relação amorosa. Quando a vítima chegou ao local combinado, foi assassinada pelo homem, segundo o delegado.
Depois disso, o suspeito contou que foi caminhando para casa. Ele também confessou que a roupa e os tênis usados por ele no crime foram queimados dentro do imóvel.
Contudo, ele indicou que a faca usada para matar Danilo estava escondida embaixo do colchão. Com um mandado de busca e apreensão, a polícia conseguiu encontrar e apreender o item.
De acordo com o delegado, o suspeito disse que agiu sozinho em todas as etapas do crime.
Preso por suspeita de matar rapaz que saiu de casa de pijama confessa crime
Suspeito também disse ter matado outras três pessoas na cidade
Mota contou que durante o depoimento, o homem confessou que também foi o responsável por matar outras três pessoas em Iporã, em 2025.
"Todos esses homicídios foram ocorridos ali no bairro onde o investigado mora num raio próximo e a Polícia Civil agora vai adotar diligências para realmente identificar se foi ele mesmo o autor desses outros três homicídios", disse o delegado.
A polícia não informou se o homem tinha algum padrão para "escolher" as vitimas e nem a motivação do assassinato de Danilo.
Relembre o caso:
Quem era Danilo?
Momentos antes do crime
Cena do crime
O que diz o advogado da família de Danilo?
Quem era Danilo?
Danilo Roger Bido Ferreira, de 32 anos, foi encontrado morto em Iporã.
Cedidas pela família
Danilo trabalhava como multiplicador em uma empresa de pesquisa e desenvolvimento científico, em Toledo, no oeste do Paraná – cidade a 103 quilômetros de distância de Iporã –, mas visitava a família todos os meses.
Conforme apurado pela polícia, ele não tinha antecedentes criminais ou desavenças. O jovem foi descrito por familiares como uma pessoa pacífica, carinhosa e respeitosa.
"O Danilo era uma pessoa de luz, ajudava todo mundo, carinhoso, alegre, sorridente. Ele também nunca teve intriga com ninguém, sempre foi na dele, um menino muito respeitoso, cuidava muito da mãe dele”, disse a prima Kamila Bido Demetrio.
Momentos antes do crime
Na noite de 30 de agosto, Danilo participou de um evento. Testemunhas relataram à família que ele parecia nervoso e mexia muito no celular. Por volta da meia-noite, ele chegou à casa da mãe, em Iporã.
Cerca de meia hora depois, já de pijama, Danilo disse para a mãe que precisava sair para buscar um carregador de celular na casa de uma amiga. Ela tentou impedir, dizendo que já era tarde, mas o jovem insistiu.
Danilo Bido e a mãe, Zilda Bido.
cedida
Segundo o delegado Luã Mota, essa foi uma desculpa usada pela vítima para sair de casa. Durante a investigação, foi possível apurar que a amiga citada pela vítima não estava na cidade.
Às 01h33, Zilda tentou ligar para o filho, mas a chamada foi atendida e desligada em seguida. A última atividade registrada no celular foi às 00h57.
"Eu falei 'não, meu filhinho, não vai, já está tarde''. Danilo disse que iria, sim, porque não queria ficar sem conexão com a internet [..] Depois, eu comecei a ligar e ligar e não atendeu mais. Aí fiquei nervosa, tomei remédio para dormir. Acordei 4h e estava do mesmo jeito, ele olhou [o aplicativo de mensagens] 00h57. Daí não consegui dormir mais. Aí foi à procura constante. Fiquei com a minha amiga rua acima e rua abaixo procurando. Até que veio 9h a notícia", a mãe lembra., em entrevista à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná.
Cena do crime
Na manhã do dia 31 de agosto, um casal que passava pela Estrada Jandaia, na zona rural de Iporã, encontrou o corpo de Danilo e acionou a Polícia Militar.
Ele foi encontrado a cerca de 100 metros de distância do carro dele, em uma área rural a aproximadamente três quilômetros da casa da mãe.
O veículo estava com manchas de sangue e o celular da vítima não foi encontrado. O corpo de Danilo estava com marcas de facada.
O que diz o advogado da família de Danilo?
O advogado Richard Macedo, que representa a família de Danilo, enviou uma nota ao g1 sobre o caso. Veja a íntegra abaixo:
"Informamos que a família de Danilo acompanha de perto a prisão do suspeito que confessou ter matado Danilo e ter cometido outros três homicídios em Iporã.
É importante destacar: mesmo com essa confissão, o caso não está encerrado.
Ainda existem passos importantes para confirmar todas as informações, reforçar as provas e esclarecer completamente se esse homem agiu realmente sozinho e se há ligação com outros crimes na cidade.
Seguiremos cobrando a Polícia Civil e demais autoridades responsáveis para que todas as linhas de investigação sejam aprofundadas, sem pressa para concluir nada de forma superficial, mas com firmeza para que o Ministério Público receba o caso completo e com todas as provas necessárias.
A família de Danilo e a sociedade de Iporã têm o direito de saber exatamente o que aconteceu — e a verdade completa será buscada até o fim."
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